Capa artigo MauroÉ muito importante que fique bem claro o que é a Psicoterapia Reencarnacionista na prática do dia-a-dia do consultório. Vamos abordar isso pilar por pilar.

Nós ainda não somos, na grande maioria dos casos, a 1ª opção de tratamento. Geralmente a pessoa que nos procura já se tratou com três, quatro ou cinco terapeutas, oficiais ou alternativos. E, como os maiores e mais frequentes traumas que as pessoas trazem para tratamento são da infância, ela já contou a sua história de infância para vários (as) amigos (as), parentes, terapeutas, etc. Além disso, já leu livros sobre o assunto, pesquisou na internet sobre mágoa, raiva, falta de atenção, negligência, abusos dos mais variados, maus exemplos recebidos na infância e suas repercussões, etc..

Então, quando uma pessoa adentra o nosso consultório na 1ª consulta, ela traz uma caixinha embaixo do braço, sólida, monolítica, onde está embutida a sua história da infância. É esse conteúdo no qual acredita, ele lhe conquista porque a rotula como uma vítima (e a humanidade tem uma preferência especial por achar-se vítima; raros optam por considerarem-se vilões). Esse conteúdo é o que sempre contou para tantas pessoas, é isso mesmo, não tem dúvidas disso, e é o que vai nos contar assim que sentar e começar a falar. 

Se essa pessoa veio, agora, nos procurar, provavelmente é reencarnacionista ou tem simpatia pela reencarnação, mas não percebe, e nunca ninguém lhe disse em um consultório psicoterápico, que o conteúdo dessa caixinha pode não ser bem assim... que temos centenas ou milhares de encarnações passadas... que haviam tantos pais e mães, tantas famílias, aqui na Terra, escolheu esse cenário para iniciar mais uma jornada terrestre... que a história da sua infância é essa mesmo que está nos contando, ela é real, mas a interpretação da história (interpretação de algo = a maneira como cada um enxerga esse algo) foi sua, ainda é sua... pode ter sido tudo programado, pode ter sido o que chamamos de “coisas da Terra” (Coisas da Terra = o que cada um de nós faz, certo ou errado, bom ou mau, produtivo ou destrutivo, etc., baseado no nosso livre-arbítrio)... que existem muitos mistérios envolvendo uma encarnação mas tudo encontra-se oculto dentro do nosso Inconsciente, que a nossa Psicoterapia tem essa pretensão, a de ir levantando o véu do que está oculto, etc,

Isso é feito, gradativamente, depois de uns 10-15-20 minutos, quando a pessoa já nos contou um tanto do conteúdo da caixinha que trouxe embaixo do braço. O que estamos começando a fazer? A Psicoterapia Reencarnacionista, no tanto que nos compete fazer: começar a questionar as convicções, as certezas, que foram sendo verbalizadas pela pessoa até então. O máximo que um psicoterapeuta reencarnacionista pode fazer é isso: questionar, abrir para novas hipóteses, levantar dúvidas na pessoa, ir colocando a Reencarnação na conversa, as vidas passadas, o Livre-Arbítrio pré-reencarnatório, o Livre-arbítrio durante a encarnação, como o nosso ego enxergou as coisas da infância, como nosso Espírito enxerga, a busca de evolução, o real aproveitamento da encarnação, etc., etc 

Como se fôssemos um martelo de amor vamos, gentilmente, “batendo” naquela caixinha para que ela se abra para novas possibilidades, vamos aplainando suas bordas, vamos abrindo janelas para que um ar mais puro entre lá dentro. Aos poucos, ela vai mostrando que aquela dureza de convicções é, na verdade, um dos mecanismos de defesa do ego, para proteger-se, não quer mais sofrer, não quer mais ser vítima, está cansada disso tudo, anos e anos de sofrimento, para tantas pessoas já desabafou, para tantas contou sua infância na esperança de que aquele sentimento passasse, mas ele não passa, por que não passa? Nós sabemos porque: ele está atrelado a um raciocínio psicopatológico, e enquanto esse não for mudado, o sentimento não vai passar, pode amenizar, mas não vai desaparecer.

Após as “marteladas” iniciais no que podemos chamar de “A caixinha das convicções”, a pessoa vai ficando cada vez mais curiosa e quer as respostas. Aí entramos na fase da humildade obrigatória para sermos realmente um psicoterapeuta reencarnacionista, a fase do “Não sei”. A pessoa nos olha, nós lhe oferecemos aquele bolo super-atraente e não temos uma faca para cortar? Sim, é isso mesmo. A Psicoterapia Reencarnacionista não é uma Psicoterapia de respostas, ela é uma Psicoterapia de questionamentos.

Vamos ver, então, pilar por pilar: 

  1. “versão-persona” x “Versão-Espírito” – na verdade, esse pilar da Psicoterapia Reencarnacionista, o 1º pilar, deveria chamar-se “versão-persona” x “a Versão mais próxima possível do seu Espírito”, mas como isso ficaria muito grande, foi abreviada para a denominação como é conhecida. Embora raras pessoas (os Mestres e as Mestras Espirituais encarnados), consigam alcançar a “Versão-Espírito” ou chegar bem perto dela, a maioria da humanidade ainda está muito longe dela, pois em seu ego ainda predominam níveis inferiores (infantis, adolescentes ou adultos) que impedem a sua Consciência de alcançar o nível de ego ancião, condição indispensável para isso. Isso significa nós sermos iguais, quando encarnados e quando desencarnados, como ocorre com os Mestres e as Mestras. Todos alcançaremos isso, um dia, por enquanto, somos de uma maneira quando encarnados (mais inferiores) e de outra quando desencarnados (mais superiores), mesmo depois de um bom tempo lá no Mundo Espiritual (período intervidas). Para alcançar o grau de maestria de um Chico Xavier, um Yogananda, um Buda, para citar alguns exemplos, levamos centenas de milhares de anos; muitos de nós estamos bem mais desenvolvidos atualmente do que há séculos ou milênios atrás, mas todos ainda longe do grau de evolução de um Mestre ou uma Mestra. Um bom Tratamento com a Psicoterapia Reencarnacionista, de vários meses ou alguns anos, tem o potencial de levar algumas pessoas a uma versão mais próxima do seu Espírito, nunca à “Versão-Espírito”, e isso se capricharem.
  2. Personalidade congênita – esse 2º pilar da Psicoterapia Reencarnacionista é a pista para a nossa proposta de Reforma Íntima. Encontrar a nossa personalidade congênita nas sessões de IdI, entender em qual (is) característica (s) inferior (es) do nosso ego estamos fixados há séculos ou milênios, e ainda hoje, e começarmos a nos libertar dela (s) através da ativação do subnível superior daquele nível ou da ativação de um subnível superior de outro nível que enfraqueça aquele, é a finalidade do Tratamento com a Psicoterapia Reencarnacionista básica. Durante os vários meses ou anos que a pessoa fica em Tratamento com um psicoterapeuta reencarnacionista, isso realmente é possível; depois que ela some ou “se dá alta”, não sabemos se o processo continuou evoluindo ou se foi regredindo. Nós fizemos a nossa parte, ela foi se tornando e se sentindo mais um Espírito encarnado do que uma pessoa encarnada que tem um Espírito; o trabalho interior de manutenção e evolução disso é basicamente da pessoa, durante e depois do Tratamento.
  3. A ilusão dos rótulos das “cascas” – quem de nós pode afirmar que não se sente mais o seu personagem atual e, sim, um Espírito 24h/dia, todos os dias? Para isso é necessário que estejamos sintonizados em nosso ego ancião permanentemente, alguém está? Chico Xavier estava? Yogananda estava? Jesus estava mas esse é hors concours... Então, dentro do princípio de que a Psicoterapia Reencarnacionista é a Psicoterapia do Questionamento, o que fazemos conosco e com as pessoas no consultório é começarmos a nos “descascar”, que é a base operacional do Exercício “O Encontro consigo mesmo”. Há uns anos atrás todos nós seríamos capazes de jurar que éramos o (a) fulano (a) e seus rótulos; após entrarmos em contato com as premissas da Psicoterapia Reencarnacionista a esse respeito e recordarmos vidas passadas em que éramos outros personagens e em cada vida passada acreditávamos que éramos aquele personagem, estamos, aos poucos nos libertando dessa ilusão. Quando nos libertaremos completamente? Talvez em alguns séculos ou milhares de anos. Isso é a Maya, a super-identificação com o personagem. Essa é a maior causa do racismo. 
  4. O real aproveitamento da encarnação – para a Psicoterapia Reencarnacionista básica é o início ou o incremento da Reforma Íntima. Isso pode ser obtido pela maturação gradativa do nosso ego, ou seja, irmos ultrapassando subníveis inferiores arcaicos, atingindo, gradativamente, subníveis superiores. Daí a importância do “Mapa do ego” realizado com uma certa frequência, todos nós, os Ministrantes, os  monitores, os alunos e as pessoas em Tratamento no consultório. O Ranking normalmente é de +- 80% de subníveis inferiores de ego e +- 20% de subníveis superiores; quem atribuir-se uma porcentagem elevada de subníveis superiores e baixa de subníveis inferiores, pode ter certeza: está mentindo pra si mesmo.

A finalidade maior do ciclo de reencarnações é libertar-se da ilusão da separatividade, da individualidade, até, um dia, sentir-se integrado ao Todo. Mas essa re-integração não ocorre nem quando já somos moradores permanentes do Plano Astral pois, mesmo lá, ainda nos sentimos separados uns dos outros, não mais o nosso corpo físico separado de outros corpos físicos, claro, mas o nosso corpo astral separado de outros corpos astrais. Nem quando já formos moradores permanentes do Plano Mental, pois lá, ainda nos sentiremos separados uns dos outros, não mais o nosso corpo astral separado de outros corpos astrais, claro, mas o nosso corpo mental separado de outros corpos mentais. Quando estaremos nos sentindo realmente integrados ao Todo? Quando não mais houver o “eu” e “os outros”, seja em que corpo for. Isso vai demorar...

Dr. Mauro Kwitko é formado em Medicina pela UFRGS em 1971. É também o canalizador da Psicoterapia Reencarnacionista e fundador da ABPR, tendo realizado mais de vinte mil sessões de Investigações do Inconsciente (Regressões) em pacientes desde 1996. Possui 14 livros publicados e 5 e-books. Saiba mais: maurokwitko.com.br.